LÍNGUA PORTUGUESA| Professor Fernando Marques
Discursar Corretamente
1. Introdução
A missão do orador é persuadir e a sua meta deverá ser sempre o êxito da obrigação que lhe foi confiada. Para tanto, precisará evitar a falácia e a verbosidade desnecessária, especializando-se no discurso de estilo forte e conciso.
Há mais de dois mil e trezentos anos, na época áurea da democracia helênica, Aristóteles aconselhava: “... não basta saber o que vamos dizer; é mister dizê-lo de maneira correta”.
2. Persuasão
Persuadir significa submeter; convencer; aconselhar; emocionar; exercer força capaz de levar às lágrimas, estimulando aplausos e encantamento nas plateias. Consoante à organização e à apresentação, os discursos são: polêmicos, autoritários ou lúdicos.
Há que se observar que não se trata de categorias autônomas, ou seja, cada discurso contém parte preponderante, aglutinando características dos demais. Desta forma, entende-se que o autoritário pode conter propriedades do lúdico e do polêmico; que o polêmico possa conter partes do autoritário e do lúdico, bem como o lúdico possa conter evidências do discurso polêmico e do autoritário.
2.1 Discursos polêmicos
Discursos polêmicos - são incitadores, providos de forte carga persuasiva. São os que induzem; estimulam; sugestionam; incentivam; aconselham; direcionam. Os argumentos do discurso polêmico podem ser contestados, principalmente aqueles que são manifestados para:
- a defesa de tese;
- para formular juízo sobre questões partidárias ou sobre a atuação de políticos;
- para as discussões nas assembleias, entre frequentadores de clubes, associações ou bares;
- para palestras, conferências, aulas; para os editoriais jornalísticos ou para as crônicas.
- função emotiva (apelo à fé; à imperceptível e espontânea submissão);
- para as discussões nas assembleias, entre frequentadores de clubes, associações ou bares;
- para palestras, conferências, aulas; para os editoriais jornalísticos ou para as crônicas.
2.2 Características do discurso polêmico
- função emotiva (apelo à fé; à imperceptível e espontânea submissão);
- uso de parábolas, de metáforas e de paráfrases para, de forma imperativa, conduzir o ouvinte;
- uso de linguagem estereotipada, vinculada a chavões que mantêm os ouvintes sob o domínio dogmatizador;
- acentuação de que aquilo que é contrário à equidade, ou seja, ao digladiar, à rivalidade, à injustiça, à maléfica ambição, à desarmonia, ao vício, à corrupção, à degradação moral e a outras formas de iniquidade afastam as piores condenações.
- transmissão da ideia de que “laços foram desfeitos” e de que a inexpugnável solidão (que atinge as incompletas e desditosas almas) pode ser anulada pelo sacrifício a ser oferecido ou pelo retorno ao status quo (estado ou situação que a coisa tinha anteriormente);
- admoestação ante o comportamento da comunidade;
- advertência em relação à ganância;
- exortação à fraternidade e à solidariedade.
Discursos autoritários - caracterizam-se por serem exclusivistas, dominantes, imperativos, extremamente persuasivos.
Nos discursos autoritários as ponderações ou mediações são anuladas, visto que os receptores, dominados pela palavra, não interferem nem modificam as mensagens.
O emissor do discurso autoritário impõe-se pelo monólogo. Como exemplos, constata-se:
- O líder religioso que ameaça com a perda de bênçãos, com o desprezo divino e com o fogo do inferno, àqueles que não derem contribuições e ofertas ou que não “pagarem” o dízimo.
- Os reclames publicitários que alertam para as perdas de oportunidades.
- O chefe da família que domina e direciona, sob o pretexto do aconselhamento.
- Os líderes políticos que dominam os militantes mantendo expectativas de futuro promissor.
- Os militares que bradam palavras de comando, impondo-se pela hierarquia.
- Os patrões e superiores hierárquicos que, pela “voz autoritária”, submetem.
- Do exposto, infere-se que o discurso religioso ou eclesiástico implica aspectos persuasivos dentre os quais se destacam:
- vocativo subjacente (que não se manifesta, exortação aos cânticos e aos entretenimentos de adoração e exaltação ao CRIADOR;
- mas está subentendido);
- exortação aos cânticos e aos entretenimentos de adoração e exaltação ao CRIADOR;
- conclusão enfática, ressaltando que, pelo dever cumprido, passou-se seguramente à expectativa da graça merecida ou de que, pelos erros cometidos, o castigo eterno será inevitável.
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